segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Fabião das Queimadas - Lançamento na Pipa do livro de Irani Medeiros


A primeira manifestação literária negra de que se tem registro em solo potiguar deu-se com Fabião Hermenegildo Ferreira da Rocha, mais conhecido como Fabião das Queimadas, poeta de expressão oral e popular, que nasceu escravo em 1848, na Fazenda Queimadas, do coronel José Ferreira da Rocha, no atual município de Lagoa de Velhos/RN. Começou a cantar durante os trabalhos na roça. Tornou-se tocador de rabeca, tendo adquirido seu instrumento aos 15 anos, com o apoio do dono, que permitia e incentivava que ele cantasse nas casas dos mais abastados da região e nas feiras. Conseguiu angariar algum dinheiro, que possibilitou comprar a sua alforria. Era analfabeto, mas criava versos, como o "Romance do boi da mão de pau", com 48 estrofes. Suas composições apresentam traços dos romances herdados da Idade Média. Foi um tocador renomado na sua região e tornou-se bastante conhecido na capital através do Dr. Eloy de Souza. Importante divulgador da obra de Fabião das Queimadas, Eloy de Souza era irmão de Henrique Castriciano e Auta de Souza. Politico, jornalista e escritor, Eloy de Souza (1873-1959), dedicou-se às atividades político-partidárias, tendo sido Senador e Deputado Federal. Referindo-se a Fabião das Queimadas, em seu livro “Panorama da Poesia Norte-rio-grandense” Rômulo Wanderley conta o seguinte episódio: “H. Castriciano e seu irmão Eloy de Souza, que muitas vezes a ele se referiu em suas famosas “Cartas Sertanejas”, de Jacinto Canela de Ferro, trouxeram-no uma noite à vila Cincinato, residência oficial do Governador Ferreira Chaves e governantes que o sucederam até 1942. Em uma nota de pé de página, Rômulo Wanderley afirma: “Eloy de Souza não se envergonhava do sangue negro que lhe corria nas veias. Tinha consciência do seu valor, que superava a alvura de muitos brancos.” (ob.cit.,p.290). Fabião das Queimadas é, sem dúvidas, o primeiro registro de afrodescendentes na literatura potiguar. Fabião morreu aos 80 anos, em 1928. Por muito tempo ficou esquecido. As novas gerações o ignoraram totalmente. Já agora, no entanto, o seu nome começa a despertar a atenção de alguns estudiosos e pesquisadores; dentre estes destaca-se o escritor Irani Medeiros que, neste livro, “Fabião das Queimadas: De Vaqueiro a Cantador ”, resgata desse injusto ostracismo o grande trovador popular. Saudemos pois, esta obra que chega em boa hora ao grande público ledor. Lançamento na Pipa, no palco do flipAut! 2017 - sábado 9 de dezembro às 20h. Não Perca!

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