quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Expô de Clarissa Fernandes Torres: Esquetes para Nalva


Mais um espetáculo, respeitável público, dessa vez as personagens, individualistas, se apresentam sozinhas. A lona do Freak Circus se desfez por completo e cada uma levou seu número e o aprimorou, elas se apresentam em pequenas performances ou esquetes circenses. Cada vez mais gastas e cansadas de sustentar esse espetáculo e de carregar suas chagas, elas estão envelhecendo e perdendo o ritmo. Não sabem mais se repetem o show por obrigação, por amor ao que fazem, ou por medo. Quem decide o gran finale? As personagens? Os polvos? Ou você? Que observa esse pequeno e itinerante show dos horrores, essa tragédia da vida humana tão coloridamente pintada... 
O tema é o circo, onde habitam pin ups estilizadas como personagens circenses (contorcionistas, apresentadoras, malabaristas, et cetera.), além de bichos como polvos e sapos. Não se trata do mesmo circo lúdico e mágico que estamos acostumados a ver... ou até pode ser, mas é o lado B desse espetáculo, o lado Freak – esquisito, esdrúxulo, horroroso, macabro. Esses bichos tem um significado. A estranheza causada por eles aos espectadores não é por acaso, a expressão fria e séria das personagens também não é gratuita. São críticas e provocações. As personagens que foram desenvolvidas fazem parte de um experimento, tendo como referencia a arte urbana, que não encontrava uma linguagem plástica que coubesse nas ruas. Então, primeiro, as personagens foram concebidas em tela, e, depois, houve a adição do tempero urbano. A tela funcionou como uma incubadora, fazendo o caminho oposto ao do grafite urbano, onde as personagens nascem nas ruas. Essa relação entre as telas e as pinturas nos muros das cidades são a mistura sob medida para a construção do picadeiro, para a suspensão da lona do “Freak Circus”. 
Com o título da primeira exposição “Surrealismo Pop – freak Circus”, arma-se a lona e expõem-se essas figuras agoniadas e tristes se apresentando ao público como pinturas em telas. As criaturas marinhas representavam os defeitos de personalidade das personagens, apesar de serem belas e coloridas – fazendo assim com que o grotesco da apresentação fosse um pouco deturpado - o espetáculo consistia na apresentação dessas chagas e elas definiam seus papéis (de apresentadoras, mulheres no monociclo, contorcionista, bailarina, etc) conforme o defeito se mostrasse para cada uma delas, hora dominador e outras dominado. Hoje o espetáculo está um pouco desmantelado, provavelmente as personagens se deram conta daquelas grotescas almas emaranhadas em seus corpos e estão fazendo aparições furtivas, em lugares indefinidos, ainda com vestes circenses e ainda com polvos, mas em qualquer lugar ou “Onde quer que seja” .... Talvez o circo esteja indo embora, indo embora das personagens e levando suas mazelas junto.

Expô de Clarissa Fernandes Torres: Esquetes para Nalva
nA Cozinha da Pipa - Alto da Rua da Gameleira
21 a 25 de novembro
a partir das 18h


Clarissa Fernandes Monte Torres nasceu em 1983 em Natal – RN, mas só nasceu, fez morada em Mossoró logo no primeiro mês de vida. Voltou a cidade natal aos 19 anos de idade, para cursar a faculdade de Educação Artística, com habilitação em Artes Plásticas, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, e, logo na sequencia, fez pós-graduaçao em Artes, Intermeios e Educação, pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, interior de São Paulo. Estreou com exposição individual no Espaço Cultural Casa do Lago (na Unicamp), em outubro de 2010, em que trabalhou o resultado da pesquisa (do processo criativo), durante a pós-graduaçao, que ganhou a denominação de “Surrealismo Pop – Freak Circus”. Um mês apos, expôs no “II dia da consciência negra”, na Faculdade de Educação Física, também na Unicamp. Em dezembro de 2010, e começo de janeiro de 2011, participou da exposição coletiva “Diálogos”, no Museu de Arte Contemporânea de Americana (MAC), São Paulo. No retorno à Natal, em março de 2011, expôs o “Surrealismo Pop - Freak Circus”, na Galeria Conviv´art – UFRN. Em abril, fragmento dessa exposição foi às paredes do Espaço Cultural Buraco da Catita, ainda em Natal, e, no mês seguinte, o “espetáculo” seguiu, inteiro e mais, para a segunda maior cidade do Rio Grande do Norte – Mossoró. De volta à Natal, participou de outra coletiva, com artistas do RN e PB, durante a CIENTEC que teve como título “Infância Revisitada”. Ainda em 2011 viajou com as personagens de volta para o interior de São Paulo, expondo no Museu de Arte Contemporânea de Americana, em Americana e no Centro de Cultura da UNESP, em São Carlos. O ano de 2012 teve início com uma exposição individual no Nalva Melo Café Salão, durante o I Grito do Rock, em Natal e logo na sequência expôs três painéis na lona do Cirque Du Soleil, em Recife. No meio do ano estreia com um novo título de exposição, se chamando agora “Onde quer que seja” e logo na sequência, faz uma exposição especialmente pensada para o retorno ao Nalva Melo Café Salão, tendo como título comemorativo “Esquetes para Nalva”.

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